O conceito de macrocontingência foi
proposto por Maria E. Malott e Sigrid S. Glenn para tratar de assuntos que
envolvem comportamentos individuais que se tornam um problema social dependendo
no número de pessoas que se comportam. Uma pessoa fumando pode passar
despercebida em uma atividade pública, mas quando muitas fumam ao mesmo tempo o
ar fica irrespirável. Um adolescente passeando pelo shopping não fecha o
comércio; dezenas fazendo um rolezinho alertam a polícia. O conceito se aplica
também a efeitos positivos: doar dinheiro para a campanha de um candidato é ato
individual sem consequência significativa, mas se milhões de simpatizantes
doam, o efeito na campanha pode ser decisivo.
Saber
como fazer de uma contingência comportamental uma macrocontingência é o xis da
questão. Em alguns casos a contingência comportamental em si não tem sentido –
o respeito à faixa de pedestres em Brasília é um exemplo: o respeito existe
porque uma grande campanha em 1996 mudou o comportamento de quase todos os
motoristas e quase todos os pedestres, e ao mesmo tempo. O respeito à faixa
existe porque motoristas e pedestres se comportam segundo a mesma contingência.
Grande parte dos artigos e livros publicados trata de exemplos de modificação
de práticas culturais em situação de laboratório, exemplos como os de Brasília
são raros. A modificação de práticas culturais de populações envolve a
interação de múltiplas organizações e múltiplos profissionais. O sucesso da
campanha de Brasília deve ser creditado à colaboração durante meses de governo,
mídia, universidade e organizações não governamentais.
Há hoje no Brasil uma série de
campanhas em andamento visando grandes modificações de práticas culturais, como o Bolsa Família (que engoliu o Bolsa Escola) e as campanhas do
Ministério da Saúde. São experimentos naturais à espera da colaboração de
analistas do comportamento. Questões de sustentabilidade ambiental envolvem
além de governos e empresas comportamentos de pessoas, isoladamente. Um
conhecimento mais acurado de metacontingências e macrocontingências habilitarão
melhor o analista do comportamento a ajudar no planejamento e na implementação
de programas eficazes para a manutenção de práticas culturais sustentáveis.