terça-feira, 29 de junho de 2010

Receita para ser feliz: não saber que não sabe.

No dia 18 de junho, em um evento realizado pela organização “Movimento Orgulho Autista Brasil” no IESB, um conferencista apresentava os pormenores de sua abordagem com crianças diagnosticadas como autistas quando explicitou a vantagem do que fazia sobre a análise do comportamento (que ele chamou de “método ABA”):
“Não usamos condicionamento nem adestramento”.
Ao saber disso lembrei-me de uma seqüência de artigos no jornal New York Times sobre o que não sabemos que não sabemos.
htpp://opinionator.blogs.nytimes.com/2010/06/20/the-agnosognosics-dilemma-1/
Um médico que ignora que não sabe tudo sobre uma doença tende a dar o diagnóstico mais simples e errado com muita convicção. O advogado mal preparado tende a não usar um argumento chave para ganhar a causa por não saber que o argumento existe. O psicólogo que afirmou com tanta certeza que não usa condicionamento nem adestramento em frente de analistas do comportamento é um exemplo de alguém que não sabe que não sabe.
Ele não sabia que não sabia o que é análise do comportamento.
Ele não sabia que o método que usa aproveita técnicas desenvolvidas pela análise do comportamento, como a escolha conforme o modelo (matching to sample).
Parte da culpa por erros como esse é nossa. Já falei sobre isso em “Controle aversivo e interações entre operantes e respondentes” abaixo, dia 19 de abril de 2010. Está na hora de parar de usar termos pavlovianos quando falamos em comportamento operante. Eu uso comportamento quando falo de operantes e reflexo quando falo de respondentes. Vamos restringir o termo condicionamento ao seu sentido original, como os leigos o usam. Trabalhamos com condicionamento reflexo e aprendizagem operante.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O QUE A BALEIA SHAMU ENSINOU À JORNALISTA SOBRE A VIDA, AMOR E CASAMENTO

Mais um exemplo de contribuição da análise do comportamento que está virando senso comum. O livro “O que a baleia Shamu me ensinou sobre a vida, amor e casamento” da jornalista Amy Sutherland foi best-seller nos Estados Unidos e está disponível em português. Em 2008 a autora recebeu um prêmio da Association for Behavior Analysis International pela difusão da análise do comportamento na mídia. Esse trabalho da Amy não foi planejado. Estava pesquisando em zoológicos para escrever um livro sobre treinamento de animais e não sabia nada de aprendizagem ou psicologia. Ficou impressionada com as técnicas usadas e resolveu usá-las para mudar alguns dos maus hábitos de seu marido. Relatou seu sucesso em um artigo escrito para o New York Times e publicado em 25 de junho de 2006. O jornal americano possibilita a seus leitores o acesso online e a escolha de artigos que queiram distribuir a seus amigos, e mantém uma contagem dos artigos mais populares. A história da baleia Shamu foi a mais distribuída em junho. Continuou a ser difundida na internet e acabou sendo o artigo mais lido no ano. Daí a virar livro foi um passo, muito vendido até hoje em vários países. Antes de virar livro e best-seller o trabalho da Amy Sutherland foi citado no prefácio que escrevi para o livro “Princípios básicos de análise do comportamento” de Márcio Borges Moreira e Carlos Augusto de Medeiros, publicado em 2007 pela Artmed.